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quarta-feira, 12 de setembro de 2012



Joinville recebe recorte da mostra dos selecionados no Rumos Artes Visuais


A exposição À Deriva apresenta 37 obras de 16 dos 45 contemplados
na mais recente edição do programa de mapeamento, apoio e difusão da produção artística no país; curadoria é de Felipe Scovino, Júlio Martins
e Sanzia Pinheiro


De 19 de setembro a 4 de novembro, o público de Santa Catarina pode conferir a exposição À Deriva no MAJ - Museu de Arte de Joinville, em Joinville – um dia antes, é realizado um coquetel de abertura para convidados. Trata-se de um recorte da exposição Convite à Viagem – Rumos Artes Visuais 2011/2013, realizada em São Paulo, com curadoria geral de Agnaldo Farias, quando foram exibidos os 100 trabalhos feitos pelos 45 selecionados em todo o país no mais recente edital do programa no segmento. Em Joinville, a mostra traz 37 obras de16 desses artistas e os curadores são Felipe Scovino, Júlio Martins e Sanzia Pinheiro. Ainda no dia 19 (quarta-feira), às 19h, os curadores ministram palestra no Galpão da Ajote, da Cidadela Cultural, sobre os conceitos da linha curatorial.


Para definir o tema desse recorte, Felipe se colocou como um viajante também à deriva ao analisar todas as obras. A equipe, então, selecionou os trabalhos que abordam de alguma maneira o confrontamento, seja combatendo o cotidiano, a vida, a arte ou a normalidade até chegar à questão da violência, seja física, sexual ou explícita. Para facilitar a interpretação do tema, as obras estão divididas em dois conceitos: um sobre o colapso e a falência e o outro com foco nas variadas formas de violência.


A primeira parte trata da derrocada de um estado, país, território ou instituição representada, principalmente, pela obra Nova República, de Adriano Costa, de São Paulo. Ela é composta de um cobertor de TNT como uma bandeira – caída – em um mastro de alumínio, revelando declínio. Outros trabalhos que se encaixam nesse contexto são Bronze Revirado, videoinstalação do mineiro Pablo Lobato em que um sineiro ao mesmo tempo em que tem de se colocar à frente do sino para fazê-lo badalar, tem de se desviar para não ser atingido – ou seja, sair da zona de conforto tanto pode ser arriscado como pode salvar a vida de uma pessoa.

Essa sensação também se manifesta na instalação Resistência, de Marília Furman, de São Paulo. Trata-se de uma instalação composta por um holofote e uma chapa de vidro. Eles estão dispostos de tal maneira que provocam uma tensão evidenciando que a qualquer momento o vidro poderá se partir. O incômodo volta a se fazer sentir em Elegy To My Son (Or What You Will), de Marcos Brias, também de São Paulo. Nessa obra é quase impossível se ler um texto colocado na parte superior do quadro, bem no alto, e, ainda por cima, escrito em uma pouco usual construção de frases em inglês impressas sobre lixa. São fatores de dificuldade e incômodo à leitura criando uma ideia de aspereza e podendo até gerar repulsa ao trabalho.

A segunda divisão apresenta obras que expressam a violência no sentido mais genérico do termo. Por exemplo, na série de fotos Quando Todos Calam, de Berna Reale, em que o corpo nu e a oferta da própria carne a urubus transformam o ritual de auto violência em estratégia de aversão. A performance dessa artista paraense foi realizada na zona portuária de Belém, um lugar tipicamente masculino, no qual a aparição de uma mulher nua também sugere confronto. Outro trabalho que aborda a violência física e psicológica é da carioca Gabriela Mureb no vídeo Sem Título (Ânsia), em que o corpo coordena a cena vivenciando um jogo de exposição de limites, com submissão e controle. No óleo sobre tela Sujeitro da Transgreção # 4, o também carioca Fábio Baroli, trata a violência com erotismo por meio de uma nudez que pode chocar e causar desconforto, com foco em questões oscilantes entre o voyeurismo e o exibicionismo.

Na videoinstalação Morte Súbita, do mineiro João Castilho, o uso exaustivo de imagens chocantes de violência explicita obtidas na internet, reflete o estado visceral que a violência ocupa na sociedade. Nos 17 quadros da gaúcha Nara Amélia, a obra se situa entre o onírico e o delírio. São desenhos feitos com traços de doçura, mas também contém um bocado de aspereza com imagens perturbadoras, associando símbolos e elementos da natureza a uma ficção fantasmagórica e sombria. Guilherme Dable, outro gaúcho, faz a performance Tacet na qual junta som com as artes visuais e expõe o desenho como prática: papéis colocados entre as cordas do baixo, os pratos e as caixas da bateria são documentados como uma espécie de progressão do som. O processo é resultado da música acidental e de improviso criada pelos músicos, que se apresentam na abertura da mostra. Os papéis do dia farão parte de toda a exposição.


Rumos - seleção e difusão
A proposta do programa Rumos Artes Visuais é, com base na realidade de cada região, ao mesmo tempo viajar, diagnosticar e fomentar a criação visual do país. Assim, além de investigar o momento atual desta produção, detecta as direções e propicia aos selecionados oportunidades de difusão de seus trabalhos, intercâmbios e aprimoramento profissional por meio de ações de formação, como a concessão de bolsas de estudo e participação em palestras.


No total das anteriores quatro edições do Rumos Artes Visuais, foram selecionados, produzidos e divulgados os trabalhos de 275 artistas, de todas as regiões do país, escolhidos entre mais de 6 mil inscritos. Agora, a quinta edição do programa neste segmento recebeu 1.770 inscritos: 1.095 da região sudeste, 315 da Sul, 173 vieram do Nordeste, 117 do Centro-Oeste e 66 da região Norte. Destes, os selecionados são: 11 do Rio de Janeiro; oito de São Paulo, sete do Rio Grande do Sul, quatro de Minas Gerais, três do Distrito Federal. Do Pará e da Bahia foram contemplados dois e um do Acre, Amazonas, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Paraíba, Pernambuco e Santa Catarina.

O curador-geral desta mais recente edição é Agnaldo Farias, que conta com a cocuradoria de Ana Maria Maia, Felipe Scovino, Gabriela Motta e Paulo Miyada – e com os curadores viajantes Alejandra Muñoz, Franzoi, Julio Martins, Luiza Proença, Marcelo Campos, Matias Monteiro, Sanzia Pinheiro e Vânia Leal, que se dividiram pelo Brasil para conhecer o cenário e produção artística das regiões Norte, Nordeste, Sul, Sudeste e Centro-Oeste visitando ateliês, realizando palestras e fazendo contato próximo com a produção de determinados locais. Diferentemente das edições anteriores, nesta, a pedido do curador geral, os 13 formaram a comissão autônoma de seleção dos trabalhos.

Convite à Viagem, a mostra que apresentou a totalidade desses trabalhos em São Paulo, manteve Agnaldo Farias como curador geral. Os recortes desta mostra ganham curadoria de cada equipe regional, a serem exibidos em formatos diferentes em quatro cidades. A itinerância começou por Goiânia, com a exposição Volta ao Dia em 80 Mundos que jogou o foco na noção de lugar e contou com 27 obras de 16 artistas. Em Belém, a mostra se chamou O Fio do Abismo, que unificou os trabalhos em torno da representação de situações limítrofes, com 24 obras de 18 artistas. Depois de Joinville, outro recorte será exibido em Recife (PE). Encerrando esse percurso, o Rio de Janeiro receberá a exposição integral.
Durante 2012 ocorreu, ainda, um seminário para os artistas selecionados e a seleção de quatro artistas para residências artísticas nacionais e internacionais, além de workshops, gratuitos e abertos ao público, de três dias, sobre arte contemporânea realizados pelos curadores viajantes em oito cidades brasileiras como Aracaju (SE), Cachoeira (BA), Araraquara (SP), Boa Vista (RR), Brasília (DF), Uberlândia (MG), Chapecó (SC) e Macapá (AP).


SERVIÇO
À Deriva
Abertura com coquetel para convidados: 18 de setembro (terça-feira), às 19h30
Em cartaz de 19 de setembro a 4 de novembro
De terça-feira a sexta, das 9h às 17h
Sábados, domingos e feriados, das 12 às 18h
Entrada franca
Classificação indicativa: livre
Local: MAJ – Museu de Arte de Joinville - Cidadela Cultural – Anexos 1 e 2
Rua 15 de Novembro, 1383 – Joinville
Tel.: (47) 3433-4677


Palestra com curadoras e artistas da mostra
19 de setembro (quarta-feira), às 19h
Entrada franca Ingressos distribuídos por ordem de chegada
Vagas: 250
Local: Cidadela Cultural – Galpão da Ajote
Rua 15 de Novembro, 1383 – Joinville







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