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quarta-feira, 6 de março de 2013

Uma conversa ... com Rafael Zimath
 
No ano passado, depois de muito tempo, uma feliz coincidência colocou novamente na minha frente, ainda enquanto eu exercia minhas funções institucionais no SESC Joinvile, o músico Rafael Zimath. A ocasião precedia a segunda edição da Semana do Rock,  projeto criado por mim assumido pela instituição e que naquele ano tinha um diferencial, música autoral. Acompanhado pelo não menos importante articulador dentro da cena musical local Hélio de Souza, Rafael me apresentou o COLETIVO C.H.U.V.A. Projeto que reunia várias bandas da cidade entre elas o SOMAA que vieram compor o cast daquela semana em agosto ... e é sobre o SOMAA e outras notas musicais que vamos falar com o compositor, músico, cantor produtor e advogado RAFAEL ZIMATH.
 


 
JD: Você fez parte de bandas como Butt Spencer e Alva entre outras e tocou com vários músicos daqui e de outras cidades. Viu muitas bandas de colegas nascer e morrer. Qual a diferença mais significante que você vê na cena atual da musica da região em comparação daquela que existia quando começou a tocar?
 

Rafael Zimath: São muitas e significativas diferenças. Isso rende um livro ou bate-papo de duas horas, haha. Bem, a primeira delas seria a paixão. Acho que talvez pela dificuldade do acesso à informação éramos mais intensos no que fazíamos. Fomos esculpidos desta maneira. Há uma certa apatia atualmente que parece que não tem levado a renovação. Tenho a impressão que mais gente se interessava pelo inédito no passado e vejo uma quantidade de bandas surgindo muito menor do que eu gostaria. Além disso, há uma (necessidade de) segmentação enorme e falta de espírito coletivo. Não quero ser romântico ou nostálgico, estes problemas sempre existiram. A diferença é que agora o individualismo é a religião do novo milênio. O “eu” nunca foi tão importante e o meio alternativo, underground o qualquer que seja o termo que você queira usar, nunca representou uma alternativa tão inofensiva, acanhada e parecida com o grande mercado como é hoje.
 

JD: Sua nova banda SOMAA gravou seu primeiro material ano passado. Conta um pouco de como a banda e o conceito dela nasceu?

Rafael Zimath: A banda surgiu no segundo semestre de 2011, época em que tanto eu, quanto o Ned e o Tiago ficamos sem tocar porque nossos projetos tinham acabado ou estavam passando por redefinições. Em comum, tínhamos a necessidade de fazer música, a nossa “droga” (isso explica o nome da banda). A atividade de compor é uma prática constante para mim, uma necessidade mesmo, então eu vinha acumulando algumas ideias que gostaria de testar em uma nova banda. Também tinha passado por algumas experiências que não tinham dado certo e tinha uma ideia bem clara do que, achava eu, ser a maneira de estruturar a coisa toda. Chamei o Ned (com quem toquei brevemente no INFESTO) e o Tiago (com quem toquei também em uma banda de garage/soul ou algo assim que nunca chegou a ser batizada) porque acreditava que os caras eram perfeitos para este projeto. Eles gostaram das ideias e toparam o desafio. Acho que acertei nas escolhas porque, apesar de pouco tempo, a banda tem dado muito certo.  
 
 
JD: Acompanhando o SOMAA enxergo nitidamente em você a imagem do organizador do grupo. Como você lida com a diferença entre compor, gravar e fazer shows com esse trabalho de produtor?

 
Rafael Zimath: É bastante agitado e trabalhoso. Mas já quebrei tanto a cara tocando em bandas nos últimos 15 anos que é difícil que eu não tenha uma ideia sobre como conduzir alguma coisa relacionada ao processo de se ter uma banda. Até posso me enganar, mas geralmente estamos voltados para a mesma direção do caminho certo a ser percorrido. O Tiago e Nedilo sempre opinam e discutem mas respeitam esta minha condição de líder da banda. Acho que é uma coisa natural e como o Ned mesmo diz algo essencial para que a banda possa seguir. Me sinto confortável nessa posição especialmente pela maneira madura com que conseguimos lidar com o processo de discussão de todos os nossos assuntos.

 
JD: O disco do SOMAA foi gravado no estúdio Ocotéa. O mesmo em que gravei minha banda VIAS DE FATO há 10 anos atrás. Como foi trabalhar e dividir a produção com a galera lá do estudio?
 
 
Rafael Zimath: Eu gosto e me dou muito bem com o Anderson Dresch. Ele é um profissional que respeito muito e também um grande amigo que vem fazendo muito pela música na cidade nos últimos anos. O Tiago também toca com o Anderson no Canela Brasil e também já trabalhou no estúdio, então fica tudo em casa. Além disso, provavelmente pelo fato de nos conhecermos há anos, é muito fácil de trabalhar com o Anderson. Ele sabe o que procuramos e nos ajuda a alcançar este resultado.


JD: Vocês foram um dos grupos que participaram do GRITO ROCK 2013 em Joinville e Rio do Sul. Infelizmente não pude ir mas conta aí como foi os shows? Tiveram alguma novidade no set list?
 
 
Rafael Zimath: Tocamos no Grito Rock Joinville e no Grito Rock Rio do Sul este ano. Na edição joinvilense, fomos convidados pelo Hélio de Souza (Fevereiro da Silva e Coletivo C.H.U.V.A.) alguém que respeitamos muito e cujo convite é impossível de declinar. O show foi demais, recorde de público, além de podermos dividir o palco com bandas tão legais como o Vacine e Ronaldo. A edição de Rio do Sul também foi foda! Dividimos o palco com os chapas do Fevereiro da Silva e outras bandas da região. Neste show tocamos pela primeira vez uma música nova chamada“Miragens”. Enfim, é sempre um prazer participar de projetos que tenham um alcance e propósito coletivo. Desde cedo sempre abracei causas que envolvessem outras bandas, músicos, coletivos, etc.

 
JD: Você é músico antes de se tornar advogado. Como consegue conciliar as funções?


Rafael Zimath: Provavelmente só dá certo por conta da minha energia e hiperatividade. Ambas atividades exigem muita dedicação e amor mas como eu amo muito o que faço não me preocupo tanto assim com as poucas horas de sono. Só sei fazer as coisas desse jeito: de verdade e de maneira intensa.
 
 JD: Além do SOMAA você planeja algum trabalho paralelo na música?

 Rafael Zimath: Eu tenho várias ideias para outros projetos. Gostaria muito de gravar as músicas do INFESTO que era uma banda de trash-progmetal ou algo assim que tive com o Ned e Sapo (também do Vacine). Também me agradaria montar um projeto de ska/dub, continuar fazendo trilhas sonoras para filmes, enfim são tantas coisas... Ideias não me faltam mas preciso de mais tempo e no momento o foco é no SOMAA.

 
Valeu Rafael ... sucesso ao SOMAA e a boa música daqui.
 
Segue abaixo alguns links para quem estava na Lua nos últimos tempos ....

FACEBOOK da banda SOMAA - Clique aqui
Áudio da música TRÊS no YOUTUBE - Clique aqui

No youtube vocês encontram outros sons e vídeos da banda. Basta procurar ...

GRANDE ABRAÇO hoje roqueiros do João.

 
 

 

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